De Dentro para Fora

[vc_row][vc_column][vc_column_text]Estas semanas trazem-nos a segunda época de eclipses de 2022 e, com ela, uma tónica importante de trabalho para os próximos meses, marcada pela enorme força e intensidade que eles nos oferecem, em consonância com os tempos que vivemos. No momento em que este artigo é lançado, já vivemos o Eclipse Solar Parcial, aos 2º do Signo de Escorpião, e no dia 25 de Outubro, e em Novembro, no dia 8, viveremos o Eclipse Lunar Total, aos 16º do Signo de Touro. Eles complementam o trabalho feito na primeira época, entre Abril e Maio deste ano, eles próprios bastante fortes e intensos, mas que até podemos considerar um pouco “leves”, na verdade, comparados com os que agora vivemos.

Os Eclipses são eventos poderosos, portais de transformação e evolução, uma dádiva de trabalho profundo sobre quem somos, individual e colectivamente. Em 2022, os eclipses que vivemos dão-se totalmente sobre a energia do eixo Touro-Escorpião, e com isso quero dizer que tudo o que define um eclipse, desde o Sol, Lua e os Nodos Lunares estão nessa vibração. É verdade que em 2021 já tivemos um eclipse cujo Sol e Lua estavam neste eixo, mas não acompanhados dos nodos lunares, e em 2023 ainda teremos esta energia a ser trabalhada, mas apenas um dos eclipses terá o mesmo tipo de configuração que os deste ano. É por isso que estes eclipses são tão fortes e a sua energia está a mexer tanto connosco, como bem podemos perceber.

Este eixo Touro-Escorpião é, sem dúvida, o eixo mais intenso e forte do Zodíaco, pois ele traz-nos a compreensão da matéria e da antimatéria, o poder da vida e o poder da morte, essa dualidade tão profunda e tão difícil de integrar. No artigo que escrevi no final de Abril, aquando da primeira época de eclipses, debrucei-me um pouco sobre este eixo, do qual aqui cito uma parte:

“Costumo chamar a este o eixo Vida-Morte. É nele que aprendemos o valor da vida na Terra, o seu poder, mas também a sua efemeridade. É através dele que podemos entender que, duma forma mal integrada, as riquezas que a Terra nos dá, traduzidas por Touro, se não tiverem um propósito, se ficarem apenas associadas a nós por ego, poder, apego, tornam-se pontos de densificação, de prisão, que nos projectam para a destruição, Escorpião. Contudo, quando trabalhamos bem esta energia, algo que realmente é muito desafiador, vivemos o que a matéria nos oferece com a consciência de que ela serve para o nosso desenvolvimento, para o nosso crescimento e para a nossa transformação.

Touro é Vida, é a Matéria, não no sentido da apenas existência, mas sim na grande manifestação da Alma que a vida, em todas as suas formas, representa. Escorpião é a Morte, a Anti-Matéria, não no sentido do desaparecimento, mas sim no processo de iniciação que o Espírito vem fazer à Terra, que passa pela abnegação, pela entrega profunda, pela descida aos infernos, pelo libertar de tudo em que a matéria nos pode aprisionar para, assim, podermos ser verdadeiramente eternos. É neste eixo que conecta Touro e Escorpião que complementamos o simples Existir com a verdadeira Vida, que transformamos através do simbolismo da Morte, da Transformação, do resgate do que é único e especial em nós, a verdadeira manifestação do Espírito que somos. Por isso, quando algo acontece neste eixo, nomeadamente processos tão fortes como Eclipses, vivemos momentos que são verdadeiramente intensos.”

[/vc_column_text][gem_quote]De dentro para fora é o caminho dum peregrino que, voltando à sua essência, faz dos seus passos raízes e que nas suas pegadas planta sementes, gerando flores e vida, alimentando um sistema que, por si só, é perfeito.[/gem_quote][vc_column_text]Por isso, tudo o que se passa sobre esta energia tem um impacto muito forte, desafiador mesmo, um impulso de transformação. Sobre este eixo está uma solicitação, uma força que nos pede a morte de algo que nos impede de crescer e evoluir, o rasgar de estruturas que nos condicionam e nos prendem, a compreensão que o renascer, esse mítico ressuscitar é, na verdade, um processo que se inicia no nosso interior e se projecta para o exterior, a lagarta que no casulo se transforma em borboleta e que dele sai para voar na sua beleza, a semente que, largada à terra, rompe a casca e se materializa na planta que irá dar folhas, flores e frutos.

De dentro para fora é o caminho destes tempos em que nos vemos encarcerados em nós mesmos, em que nos sentimos pesados, profundos, impotentes perante tantas coisas que nos são apresentadas. De dentro para fora é o caminho dum peregrino que, voltando à sua essência, faz dos seus passos raízes e que nas suas pegadas planta sementes, gerando flores e vida, alimentando um sistema que, por si só, é perfeito. Num tempo em que o caminho parece para a extinção, é este o movimento que nos é solicitado, é isto que os tempos nos exigem, a compreensão de que este impulso constante de competição, guerra e luta impele e impulsiona, é verdade, mas que em desequilíbrio, sem alma, sem amor, sem compaixão, sem respeito, sem cooperação, é destruição pura e total. É este o sentido da energia que temos estado a viver, com muita intensidade desde 2020, mas que agora começa a ganhar outra forma.

Estes dois eclipses são os precursores duma mudança de vibração energética e polaridade que viveremos no próximo ano. Depois dum tempo com tanta energia masculina, marcado por uma imensa agressividade, não só nos actos, mas nas palavras, nos pensamentos, nas emoções, uma intensidade bruta, canalizando a revolta que está guardada no seio da humanidade e que necessita de ser curada, uma energia feminina irá começar a surgir, irá dar os seus sinais. Não é uma mudança total, e esta energia feminina não será suave e fofinha, como muitas vezes idealizamos. Pelo contrário, ela será profunda, intensa, poderosa, trazendo a limpeza que é necessária, a purificação que nos é solicitada, o resgate duma consciência comum, de cooperação, de empatia, de união. No fundo, uma consciência de humanidade que tão necessária é, tão crucial, na verdade, se tem tornado.[/vc_column_text][vc_single_image image=”26790″ img_size=”full” alignment=”center” onclick=”img_link_large” img_link_target=”_blank”][vc_column_text]O Eclipse Solar Parcial, aos 2º de Escorpião traz-nos já esse sinal, com a magnífica conjunção com uma Vénus que, embora exilada, traz ainda o rasto dum evento maravilhoso, no dia 22 de Outubro, uma conjunção superior com o Sol, em Cazimi (que significa “no coração do Sol”), no último grau do signo de Balança, naquilo que a astróloga Arielle Guttman chamou de Ponta da Estrela. Este momento é especial, e Arielle Guttman escreveu um texto belíssimo sobre ele, primeiro porque não ocorria desta forma há cerca de 150 anos, e depois porque traz-nos mais uma marca de mudança, pedindo-nos a consciência da partilha, da harmonia, da justiça, da beleza, do amor, algumas das coisas que este mundo em que vivemos mais necessita.

Desenho do trânsito de Vénus, do ponto de vista da Terra, formando um pentagrama. Detalhe do livro de James Ferguson, “Astronomy Explained Upon Sir Isaac Newton’s Principles”, 1799 ed., plate III, opp. p. 67.

Com a energia desta conjunção, o eclipse formou-se, embora já no signo de Escorpião onde, como referi, Vénus tem o seu exílio, mas para nos relembrar que essa vibração, essa consciência, não pode ser possível sem novos comportamentos, sem novas atitudes, sem novas consciências e posturas. É preciso limpar o que está velho, desajustado, caduco e apodrecido para que o que é novo possa encontrar um caminho de prosperidade, de crescimento e de valor, e é isso que nos está a ser pedido. Em cada um de nós, este movimento é necessário, essencial mesmo, e é extremamente profundo, pois as feridas que carregamos, muitas delas, estão enraizadas em nós desde o início das nossas vidas, ganharam forma no ventre materno, criaram metástases ao longo do nosso percurso e, para as trabalhar, temos de rasgar os véus e as carapaças, deitar abaixo as muralhas e as armaduras, largar, desapegar, morrer em quem temos sido para renascer em quem verdadeiramente precisamos de ser.

Se tivéssemos dúvidas desta energia, bastaria vermos o quão poderosa é a sincronicidade dos regentes deste Eclipse, Marte, em Gémeos, prestes a entrar em movimento retrógrado, e Plutão, em Capricórnio, praticamente acabado de voltar ao seu movimento directo e a caminhar para a primeira entrada no Signo de Aquário, energia que não conhecemos conscientemente, pois a última vez que ele lá esteve foi em Dezembro de 1798. O que tem de sincronicidade entre Marte e Plutão não são os seus movimentos, mas sim um aspecto que estão a fazer neste momento, um quincúncio que nos pede um ajustamento de correcção, um trabalho de cura profunda que nos está a ser oferecido e que dará a tónica até Julho de 2023, onde se encontrarão num novo quincúncio, mas esse de regeneração, numa certa lógica de fecho de processo.

Quando, numa cirurgia, o médico corta a pele e a afasta, revelando o que está no interior, é que ele consegue ver o que realmente existe para extrair e trabalhar a cura, pois por muitas máquinas e exames extremamente minuciosos que existam, há sempre algo que está escondido, ocultado. É nesta lógica que caminhamos para o Eclipse Lunar Total do dia 8 de Novembro, aos 16º de Touro.[/vc_column_text][vc_single_image image=”26791″ img_size=”full” alignment=”center” onclick=”img_link_large” img_link_target=”_blank”][vc_column_text]No Eclipse Lunar vamos abrir as comportas da escuridão do que está guardado e levar-lhe luz, revelando o que nele reside. O nosso olhar é assim como o do cirurgião, que até tinha uma percepção do que iria encontrar, mas que é quando tem o paciente aberto, na sua mesa, que vê a real dimensão da questão, e por vezes a visão não é bonita. Por isso, este é um momento tão poderoso e intenso, tão revelador e profundo, que nos pede movimento interno, para que, de dentro para fora, consigamos transformar o que é necessário, e iniciar um processo de cura interna, que não será rápido nem simples, mas que é crucial.

Neste eclipse, a Lua, em Touro, está em conjunção muito próxima de Úrano, que no seu movimento retrógrado, empurra ainda mais para dentro as dores dum mundo que agoniza, como um pressionar duma ferida que está a doer, e muito. Úrano está em quadratura com Saturno, fechando um processo que se arrasta desde 2021, que nos leva para o rever, reavaliar e restruturar os nossos recursos e valor, a forma como os usamos e consumimos, num sentido de ajustamento para uma maior justiça, equilíbrio e crescimento. É esta energia que faz deste eclipse a manifestação do que chamamos de T-Square, onde Saturno, em Aquário, é a grande chave, pedindo consciência e retorno à nossa própria humanidade, mas levando-nos aos extremos, como bem temos visto, pois a cura não pode ser feita pelo sintoma, mas sim sobre a origem, e maior parte das doenças da humanidade, assim como as nossas, provém da forma como temos concebido e conceptualizado o que é ser humano, desvirtuando-o, retirando-lhe a essência emocional, a compaixão, secando-o de amor e activando o medo exacerbado e destrutivo.

O Eclipse Lunar é uma Lua Cheia. Nesta fase, dá-se uma oposição da Lua ao Sol e, nesse movimento, naturalmente, ela vai reflectir a totalidade da Luz que o Sol projecta. Num eclipse lunar, a Terra encontra-se perfeitamente alinhada entre os dois luminares, fazendo com que esse brilho se apague, se eclipse, durante algum tempo. Entre as duas dimensões, consciente e inconsciente, a matéria se coloca, levando-nos a retornar a nós, a perceber que este plano, assim como o nosso corpo, é divino, é uma manifestação do Espírito que encarna através da Alma e, como tal, tudo o que aqui se manifesta, de bom e de mau, é reflexo da forma como vivemos esta conexão. Se a conexão se perde, se nos esquecemos que este caminho tem como propósito a elevação do espírito através da vivência e da experiência do amor no plano terreno, através da aprendizagem do respeito pelo que é ser humano, pelos que, diferentes de nós, são também nossos irmãos, como os animais, as plantas e a própria Terra, então o que vamos alimentar é ego, posse, carência, ciúme, ganância e, sobre elas, gerar uma doença que tudo destrói.

Neste eclipse, a Lua está em Touro, mas o Sol permanece em Escorpião e, junto dele, ainda está a Vénus, em Escorpião, que referi acima e que é a regente deste evento. Contudo, algo de extraordinário se configura neste eclipse, pois ele dá-se com Mercúrio em Cazimi (o mesmo acontecimento que referi acima sobre a Vénus), no coração do Sol, evento que ganhará mais força e forma durante o resto do dia. As feridas, as dores, os medos, precisam de ser trazidos para fora, precisam de ser expressos, por vezes gritados, precisam de ganhar voz. Ao mesmo tempo, com Mercúrio em Cazimi, eles são também o antídoto, pois a expressão do nosso Espírito, aquilo que o planeta da comunicação representa, torna-se a cura.[/vc_column_text][gem_quote](…) o que estamos a viver são tempos especiais e únicos, tempos de transição e evolução, como uma ponte que precisamos de atravessar, duma margem que já não serve ao nosso crescimento para algo que, sendo desconhecido, é terreno fértil para podermos reconstruir-nos.[/gem_quote][vc_column_text]As palavras e os pensamentos têm e são poder, são geradoras da vida e da morte, servem para curar e para amaldiçoar. Neste eixo entre Touro e Escorpião, precisamos de compreender que nada pode ser polarizado, sob pena de ser extremado. Tudo o que é sombra, também é luz, como o veneno que mata e é também o antídoto, e é essa compreensão que nos é oferecida nestes tempos e que precisamos de integrar em nós. É por isso que este eclipse será tão forte e transformador, complementado pelo eclipse que viveremos a 5 de Maio de 2023, quase no mesmo grau, mas em Escorpião, o único que, nesse ano terá toda a sua energia neste eixo Touro-Escorpião.

É preciso referir que os eclipses não são acontecimentos, o que significa que não projectam a sua energia no dia ou horas em que se dão e depois passam. Pelo contrário, os eclipses são poderosos processos, que projectam a sua vibração por semanas e meses, integrando-se uns nos outros e nas energias que estamos a viver, dando-lhes um mote, uma tonalidade, uma cor, e, como referi no início, estes eclipses marcam a mudança de vibração e o trazer duma força de energia feminina que se manifestará nos próximos tempos e que é profundamente necessária para o que nos está a ser pedido. Sem ela, a aridez toma o controlo, e não é por um acaso que estamos a vivenciar tempos de altas temperaturas e secas extremas, às quais sucedem chuvadas fortes e pesadas que não alimentam a terra, mas que destroem. Estes são sinais do que nos está a faltar, o equilíbrio, a compaixão, o amor, e dos desafios que nos estão a ser solicitados, que nos pedem cooperação e humanidade, aliados à vontade e à determinação de querer fazer diferente.

Compreendamos, por fim, que o que estamos a viver são tempos especiais e únicos, tempos de transição e evolução, como uma ponte que precisamos de atravessar, duma margem que já não serve ao nosso crescimento para algo que, sendo desconhecido, é terreno fértil para podermos reconstruir-nos. Todos os grandes momentos da história da humanidade são feitos destes desafios, que nos parecem gigantes, pois somos nós que os estamos a viver, e que outros, dentro de séculos, olharão dum prisma diferente e analisarão a sua importância, como hoje olhamos para tempos idos e ganhamos novas compreensões sobre o que foi vivido e o que isso nos ensina, ou deveria ensinar.

Por isso, é importante entender que, quer nós, individualmente, quer o mundo do qual fazemos parte, temos crescido baseados numa premissa que já não funciona, que apenas destrói, que apenas levará à destruição. Os sistemas em que sustentámos as últimas décadas têm estado a ruir, a desmoronar-se, a mostrar-se incompetentes para resolver os problemas que o nosso desenvolvimento, tão rápido e intenso, trouxe. Esses sistemas, como nós, precisam de ser mudados, não por via revolucionária, ainda que esse espírito seja necessário, mas sim em consciência, de dentro para fora, para que sejam aperfeiçoados e, dessa maneira transformados. O espírito revolucionário é necessário, mas não a postura e a vibração agressiva que, muitas vezes, essa forma traz. Não é por via das velhas formas de luta, que põem e depõem estruturas e sistemas, que conseguiremos fazer melhor, mas sim por via da união, da partilha, da cooperação com profundo respeito e sentido de comunidade e humanidade.

Estes não são tempos de catástrofe, embora seja essa a realidade que muitas vezes nos é apresentada. Estes são tempos de cura, de transformação, e tal só pode ser feito por via dum profundo mergulho em nós mesmos, nas áreas em que estes eclipses estão a actuar nos nossos mapas, se sobre tal soubermos, ou, se não tivermos esse conhecimento, nas áreas onde estamos a sentir uma dor, que até pode ser física, sem dúvida, mas cuja fonte está na alma. A transformação e a cura não são processos simples, fáceis, nem sequer lineares, não acontecem num estalar de dedos, pois tudo tem um tempo e uma cadência certos, que pedem confiança e entrega, mas uma acção também, de dentro para fora.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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